Você sabe o quanto custa da sua saúde numa temporada, bailarino?
- Tamires Reis
- 3 de fev.
- 2 min de leitura

Um estudo transversal publicado em Julho de 2024, trouxe mais de 1600 autorrelatos de bailarinos profissionais que foram acompanhados durante 44 semanas de uma temporada e os achados são surpreendentes.
O estudo chamado “Health Problems of Professional Ballet Dancers: an Analysis of 1627 Weekly Self-Reports on Injuries, Illnesses and Mental Health Problems During One Season” realizou a análise da frequência e as características de todas as queixas de saúde física e mental autorrelatadas (ou seja, lesões, doenças e problemas de saúde mental) por 57 bailarinos profissionais na Alemanha.
Das maiores queixas citadas, cerca de 82% relataram dores musculoesqueléticas, sendo que 96,5% relataram pelo menos uma lesão, mais da metade relatou que adoeceu no período e 28% relatou algum problema de saúde mental e esses resultados são extremamente alarmantes.
E antes que você venha dizer que “na dança é assim mesmo”, é importante salientar que já existem formas de manter uma temporada de dança, sem que haja tanto prejuízo físico e mental através de uma boa equipe interdisciplinar e aplicação de estratégias de periodização (mesmo que através de micro ciclos) para amenizar esses prejuízos ou pelo menos deixar a cia de dança, preparada para eventuais imprevistos.
Nos dados citados, as lesões afetaram principalmente tornozelo, coxa, pé e parte inferior das costas e ocorreram principalmente durante o ensaio (41,6%) ou treinamento (26,1%). As razões subjetivas mais frequentes de lesão foram "muita carga de trabalho" (35,3%), "cansaço/exaustão" (n = 22,4%) e "estresse/sobrecarga/regeneração insuficiente" (n = 21,6%).
E apesar de não estar surpresa com os dados (porque bem sabemos que infelizmente a cultura do “no pain no gain” assola a dança), é importante ilustra-los para que mudanças sejam cada vez mais aplicadas como vemos em outras cias de dança na Europa.
Eu sempre falo sobre o Ballet Healthcare em Londres por, além de ser um centro de referência em cuidado dos bailarinos do Royal, também é um centro de pesquisa de ciências da dança que está sempre em busca das resoluções de problemas como esse.
E claramente, o artigo termina enfatizando a URGENCIA em intervenções preventivas para reduzir não só os problemas musculoesqueléticos, mas também problemas de saúde física e mental.
Ass: Tamires Reis
Profissional de Educação Física - Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
CREF: 154495- G/SP / DRT: 34.021
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