Metade das pessoas que me procuram falam que querem melhorar a flexibilidade no ballet, que querem subir as pernas e que querem ser mais rasgados, a outra metade quer tratar lesões e fortalecer porque já se machucaram. E então me questiono, onde estão os bailarinos que querem dançar pelo prazer da dança? O comentário que recebi falava que além do ballet ser exercício, antes de mais nada, ele é arte, mas quando vejo os bailarinos buscando estética, eu me pergunto o que afinal o bailarino deseja profundamente? O meu trabalho dentro da dança, além do aumento da performance em si – que é ótimo -, não é só pelo fato de proporcionar pernões, 2918 giros e saltos espetaculares. É muito mais sobre você ter um corpo tão eficiente que você vai poder SENTIR a arte. Um corpo que esteja tão preparado que você nem vai perceber a dificuldade que é pegar um impulso para dar um grande salto, ou minimizar aquela sensação de morte de uma variação rápida trazendo assim, o foco no personagem, porque você estará tão ágil que a expressão flui. Eu fui sim a pessoa que buscou o pernão, os giros e etc, mas depois que entendi que quando você faz as coisas dentro do seu limite mas faz com amor, a altura da perna e a quantidade dos giros vira só um detalhe a mais. A dança é esporte? Sim, devemos olhar pra ela como esporte pela destreza técnica e trabalho corporal, mas ela é arte e a arte salva. A arte cura!
Profissional de Educação Física - Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
CREF: 154495- G/SP / DRT: 34.021
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