Já parou pra pensar na evolução da sapatilha de ponta?
No quanto o piso flutuante foi pensado para reduzir os impactos dos saltos?
E até mesmo na altura ideal da barra?
Tem coisas que a gente apenas vive e não reflete na evolução deles, certo? E na dança não é diferente. Hoje temos estudos de fitting, a própria aula possui algumas melhorias no sentido pedagógico, nos encaixes, nas pegadas dos PDDs e no entendimento de colocação da técnica. E isso tudo, provém de estudos e experiencias que são sim classificadas como produção cientifica.
A visão que a galera tem de produção cientifica é do pesquisador de jaleco, mexendo em tubos de ensaio e olhando pelo telescópio testando a nova vacina do Corona, mas não é só isso.
Dentro do esporte, a produção de ciência provém desde o estudo da nova chuteira (por exemplo), passa pelo pegador da cela do cavalo para a ginasta e vai até qual o melhor exercício para melhorar a dor no joelho do bailarino.
Porém, aqui no Brasil a aceitação da ciência na dança ainda é muito primária, visto que existem poucos pesquisadores e pouquíssimas traduções dos trabalhos realizados no exterior.
Aliás, você sabia que existe uma revista cientifica voltada única e exclusivamente para a dança? Ela se chama IADMS (ou International Association for Dance Medicine & Science) que realiza anualmente convenções e publicações voltadas aos estudos da dança no âmbito da saúde.
Agora, esses estudos chegam no público alvo? As cias de dança buscam saber essas tendencias? E as que sabem, chegam a aplicar?
Eu sou muito fã de como que a ciência consegue realmente auxiliar no dia a dia de todo mundo em suas pequenas coisas (o cinto de segurança e o air bag são exemplos claros de itens que parecem idiotas, mas que foram anos e anos estudados para serem implementados). Mas infelizmente, eu sinto que a dança ainda não abraçou as contribuições e ouso dizer que ela ainda se encontra resistente em aprimorar certas práticas, visto que, por ter uma vasta tradição, aprimorar algo pode (na visão deles) descaracterizar ou remover o aspecto artístico.
Só que eu acho que a dança é mais forte do que isso, e quem dança vive aquilo tão intensamente que não deixaria de lado o aspecto que realmente nutre a sua alma, concorda?
É só pensar numa ginasta. Ela é atleta, existe um corpo técnico que a prepara fisicamente, nutricionalmente e mentalmente para a competição, mas ainda sim, existe a comissão artística que trabalha musicalidade, interpretação e dança!
Porque na dança ainda não é assim?
E qual o primeiro passo?
Ass: Tamires Reis
Profissional de Educação Física - Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
CREF: 154495- G/SP / DRT: 34.021
Comments